Namorando há um ano e cinco meses, o professor Thiago Senna, 31 anos, e a assistente social Isabela Cavatti Vieira, 31, não escondem que já brigaram por causa das redes sociais. E não foi uma única vez.
“Acho que a tecnologia atrapalha a relação porque você se expõe muito, e às vezes fica refém das redes sociais. Às vezes você adiciona alguém ou curte uma foto sem pensar, e acaba dando corda para quem não tem boa intenção”, lembra Thiago.
Para resolver os problemas, o casal entrou em acordo: Thiago separou o perfil pessoal do profissional e passou a lidar com os alunos mais por e-mail. E os dois passaram a prestar mais atenção no que postam e curtem. Decidiram também compartilhar senhas.
“Temos a mesma senha do celular e sabemos a senha do Facebook e do e-mail de cada um. Mas não ficamos mexendo no celular um do outro ou entrando no perfil. Foi mais um gesto de confiança. Tenho amigas que os namorados dormem com o celular dentro da fronha do travesseiro. Como ter confiança assim?”, questiona Isabela.
Controle
Mesmo que a tecnologia tenha sido criada para facilitar a comunicação e a relação com as pessoas, não é difícil encontrar casais que tiveram problemas com ela. A diretora da agência de namoros Eclipse Love e especialista em relacionamentos, Eliete Amélia de Medeiros, conta que essas ferramentas acabam criando nos mais ciumentos uma vontade incontrolável de bisbilhotar a vida do parceiro e controlar todas as conversas dele com as outras pessoas.
E não é raro encontrar quem use o Whatsapp, o aplicativo gratuito de mensagens, para exigir notícias do namorado ou namorada a cada segundo, durante todo o dia.
“Temos que ter cuidado para não invadir a privacidade do outro e desrespeitar sua individualidade. Cada um tem sua própria vida, com seus amigos, sua rotina, seus gostos, e também uma vida a dois. Uma não anula a outra. Não é só porque você está namorando que não pode conversar com mais ninguém”, alerta Eliete.
Ciúmes
O psicólogo e doutor em Psicologia do Desenvolvimento e da Personalidade Adriano Pereira Jardim lembra que a tecnologia, como todos os avanços da humanidade, tem seus lados positivos e lados potencialmente negativos. E alerta: a culpa não é das redes sociais.
“As redes sociais podem ser usadas para melhorar as relações. Mas uma pessoa imatura emocionalmente vai gerar relações superficiais. A internet pode potencializar um ciúme e uma falta de confiança que ela teria de qualquer forma”, diz.
Para o psicólogo, o casal precisa respeitar a individualidade do outro. A necessidade de policiar o parceiro o tempo todo pode ser um sinal de alerta de que talvez seja a hora de procurar ajuda profissional.
“É preciso lembrar que essa vigilância é ineficaz. Não há como controlar o outro o tempo todo e não dá para controlar o desejo e a fantasia do parceiro. O problema não é a pessoa ter desejo por outra, desde que ela se comprometa a não dar asas a esse desejo”, diz.
As dicas dos especialistas
Confiança
A necessidade de bisbilhotar a vida do namorado (a) demonstra falta de confiança – que nem sempre tem ligação com alguma atitude do parceiro. Você pode estar fazendo uma projeção de atitudes que você mesmo teria ou gostaria de ter.
Privacidade
Respeite a privacidade do outro. A vida a dois não anula a vida individual – cada um pode (e deve) ter sua rotina e seus amigos.
Sem exagero
As tecnologias não devem ser uma obrigação de comunicação constante – ninguém precisa mandar notícias o tempo todo, nem responder às mensagens imediatamente.
Converse
A melhor forma de usar as redes sociais é aquela que é boa para os dois. Combine as regras. Dividir ou não um perfil ou trocar as senhas depende só de vocês – mas lembre-se de, mesmo nesses casos, respeitar a individualidade de cada um.
Faça sua parte
Se está namorando, tenha cuidado com o que posta nas redes sociais, para evitar constrangimentos. Não faça na rede o que não faria na vida real.
Ajuda
Se você não consegue controlar a necessidade de vigiar o parceiro, procure ajuda de um profissional.
Fonte: psicólogo Adriano Jardins e diretora da Eclipse Love, Eliete de Medeiros
Fonte: Gazeta Online